Julho de 2017

14:29 Mâniga 0 Comments


Estou de mudança. Eu queria que esse dia chegasse, mas nunca estive realmente pronta para ele. Sempre roguei para que acontecesse, mas nunca realmente pensava nisso, porque me recusava a entender a complexidade envolvida no contexto. Agora, estou dividida, quando arruma um lado da vida, bagunça o outro, isso é que é ser um adulto? (Já diz a internet: na verdade, adultos são adolescentes fingindo que sabem  que estão fazendo.)

Quando, em 2013, descobri que ia para a faculdade, fiquei em choque. Foi um choque bom, porque eu sabia que não teria como pagar a faculdade e a oportunidade de ter conquistado uma bolsa integral era indescritível. Mas também um choque ruim, porque sair da zona de conforto, como o próprio nome já diz, é bastante desconfortável, hehe. Costumo dizer para a minha mãe que senti como se fosse uma boneca dentro da casinha e que seja lá quem estivesse brincando comigo simplesmente havia me pego nas mãos, tirado de um cenário conhecido - minha adolescência - e me colocado em um completamente novo - a vida adulta. Quando eu resolvi sair dessa minha zona de conforto, eu estava deixando para trás tudo o que eu tinha que me era comum e indo em direção de algo completamente novo: eu iria cursar a graduação (coisa de gente grande!), em outra cidade (não qualquer cidade, em São Paulo!), sem um emprego (tinha meu último salário mínimo para sobreviver sabe-se lá quanto tempo), sem conhecer ninguém (ninguém mesmo, zero!) e morando com outras pessoas (que, ainda que sejam parte da minha família, pessoas que eu podia contar nos dedos de uma mão quantas vezes eu havia visto em todos aqueles 18 anos da minha vida, algumas eu sequer havia visto pessoalmente antes!). Eu ouço sempre que foi sorte, porque tive bolsa, e sempre que foi mais fácil, porque pude ficar na casa de alguém da família, e, quando isso acontece, eu só consigo me lembrar de como eu me empenhei a vida toda na escola e de como eu aprendi esses anos que conviver é muito difícil, principalmente quando você precisa conhecer as pessoas convivendo com elas, embora isso também tenha tido seus benefícios - eu me conheci muito também e passei a dar valor a coisas que não enxergava antes.

Por muitas vezes, repeti que não via a hora de chegar julho de 2017 logo, porque seria quando eu me formaria. "Mas como você sabia que não pegaria nenhuma DP e teria que ficar mais tempo?" Eu não sabia, mas, me conhecendo e pedindo perdão antecipadamente pelo que pode soar prepotente, dificilmente me permitiria um deslize (não que isso seja um problema! Cada um tem o seu ritmo. O problema sou eu, que sou muito exigente comigo mesma o tempo todo). Quando nos dizem que precisamos tomar cuidado com aquilo que desejamos, deveríamos ouvir. O tempo não passou voando, passou exatamente como tinha que passar, mas agora, olhando para trás, agora, que estamos em agosto de 2017 e eu já estou formada, me sinto orgulhosa pelo que conquistei, mas perdida como nunca estive, porque se antes quem estava brincando de boneca comigo fez questão de me empurrar para cá, agora, está me deixando caminhar sozinha e isso é realmente assustador.

Sinto que fiz mais coisas nos últimos quatro anos do que na minha vida toda. Não que, normalmente, se possa fazer coisas muito incríveis antes dos 18, mas foram coisas que, se me contassem antes de acontecer, eu riria e diria ser improvável. Nesses quatro anos, além de me tornar uma publicitária, eu tive meu primeiro trabalho de verdade, aprendi sobre política e economia na prática, conheci pessoas muito influentes, organizei eventos, tive meu primeiro relacionamento sério, experimentei diversos tipos de comidas típicas que nunca havia provado, fiz alguns poucos amigos, fiz um curso especializado na minha área de atuação, descobri que tenho uma área de atuação, abri uma empresa, conheci lugares excepcionais, viajei com o meu próprio dinheiro, assinei contratos, experimentei coisas inusitadas, tive, pela primeira vez, que me preocupar em ter um trabalho para pagar contas, e eu poderia continuar listando, mas acho melhor parar por aqui. Ainda sinto que poderia ter feito mais, muito mais! Era só organizar melhor meus horários e deixar um pouco a preguiça de lado. Eu só me arrependo do que não fiz.

Deixo a capital com a sensação de que volto em breve, de que ainda tenho assuntos pendentes por aqui, mas se teve uma coisa de que eu me dei conta nesse tempo fora, é que a vida é curta demais para não querer pisar em cada canto desse mundo. E, se eu voltar para São Paulo, que seja para conhecer outros lugares também, assim que meus assuntos pendentes estiverem terminados. Um dia, me disseram que minha cidade havia ficado pequena demais para mim e era por isso que a vida estava me trazendo para a capital. Eu ainda não senti que a Terra da Garoa ficou pequena para mim, mas sinto que isso está próximo de acontecer.

Aos paulistanos, minhas impressões de garota do interior: sua cidade me deixou ainda mais ansiosa, eu, certamente, vou precisar de terapia como nunca precisei antes e tenho o pavio mais curto do que já tinha, isso é contagioso! Mas ela também me fez alguém menos ingênua, mais perspicaz, definitivamente mais capacitada e com uma visão mais progressista sobre as coisas. Não me sinto pronta para enfrentar qualquer coisa ainda, mas com certeza viver aqui me fez enxergar que eu posso ir bem além do que achava que podia ir há quatro anos atrás. E, se eu pudesse dizer, "obrigada, São Paulo", eu diria, porque, apesar dos danos, os ganhos compensaram. Nutri uma relação de amor e ódio pela cidade, entre um fascinado "eu adoro esse lugar!" e um rosnar de "odeio essa cidade!", vivi e sobrevivi! E tenho ávida ânsia de saber o que vem agora.

***

Como não fiz qualquer publicação aqui sobre isso, como seria de praxe, seguem fotos do tão esperado dia, 31 de julho de 2017, quando subi no palco do anfiteatro da Universidade Paulista do campus do Tatuapé para buscar o meu canudo e obter meu título de bacharel. Imaginei isso acontecendo tantas vezes e, ainda assim, esse momento conseguiu ser tão único, que é difícil conseguir descrever o quão emocionada eu estava: não por simplesmente conseguir um canudo, mas pelo contexto todo envolvido, conforme descrevi acima. Ora, antes de sair de Taubaté, eu era apenas uma filhinha da mamãe; ainda sou e não acho ruim, mas agora tenho consciência de que posso me virar sozinha, hahaha.

 
CSPzão! <3


Agência TOCA. <3

Melhor squad que você respeita.

Eu mesma, bem formanda sim! 

Aquela foto nada espontânea que vai para o álbum de formatura.

Ela é publicitária ela! 

Aquela pessoa do grupo do TCC com quem mais dava briga, mas, no fundo, era tudo amor repreendido. 

Irritantemente, a única foto que eu tenho com a minha mãe nesse dia, fora do que virá no álbum. 

Vozinha, que me acolheu na casa dela pra isso ser possível. <3 

 Mini me. <3

Agora caio no dilema de formada sem emprego, então dá uma clicadinha nesse link aqui pra fortalecer a amizade, tá? hehe Beijo!

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