Como é trabalhar com internet?

13:05 Mâniga 2 Comments

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"Faça o que realmente ama e nunca mais irá trabalhar um dia sequer."

Mentira.

Eu não tive muitos trabalhos na minha vida, mas já fiz algumas coisas bem legais para a minha pouca idade. Eu também ainda não achei aquilo que eu realmente amo do fundo do meu coração e que eu quero fazer para sempre (eu nem tenho mais certeza se ainda acredito nisso), mas eu já tive a oportunidade de trabalhar com algo que em algum momento eu quis muito.

Quando eu tinha 15 anos, eu costumava passar todo o meu tempo livre na internet, no twitter, principalmente. Era a coisa que eu mais gostava de fazer e eu podia ficar dias seguidos fazendo só isso e não me cansaria. Aos 17, quando estava fazendo curso técnico em marketing, descobri que as pessoas usavam a internet para trabalhar (uau!) e que, pasmem, tinha como gerar receita usando as redes sociais! Aquilo foi um choque pra mim, positivamente falando. Eu pensei "meu, que paraíso! Ganhar dinheiro para usar o twitter, como é que eu faço pra conseguir fazer isso?". E, para mim, isso era algo completamente distante da minha realidade.

Uma casualidade da vida me colocou como prestadora de serviços para uma empresa de soluções digitais e guess what? Não muito tempo depois daquilo, eu me autointitulava "social media" na descrição do LinkedIn. Eu cheguei a fazer um curso de Práticas em Mídias Sociais porque achava que as pessoas não me levavam a sério quando eu dizia que entendia minimamente do assunto, mas, na verdade, acho que foi mais porque eu mesma não me levava a sério. Enfim, acontece que nem tudo é o que parece, né? Da mesma forma que você não pode fugir da matemática quando escolhe uma ciência humana para graduação, não dá pra fugir da frustração mesmo em um trabalho que você esperou anos para poder fazer.

Eu acho que algumas condições do ambiente de trabalho também acabaram influenciando, mas eu me decepcionei duas vezes: primeiramente, descobri que não entendia tanto do twitter quanto achava que entendia (e se você é um usuário comum do twitter e se acha manjão, dá uma olhada nesse post do meu amigo Tejota que dá dicas de curadoria de conteúdo no twitter). Em segundo lugar, eu descobri que trabalhar com social media não é realmente o que eu achei que fosse - diversão, glamour e memes engraçadinhos.

O que nos leva ao ponto principal deste texto: Amanda, como é trabalhar com internet?

A primeira coisa que eu devo falar é: a internet é imensa! E as redes sociais são só um pequeno pedacinho dela e é nesse ponto que eu vou focar, lembre-se disso quando eu disser "trabalhar com internet". 

Com essa experiência em social media, eu coloquei à prova uma coisa que meu namorado sempre me falava: se você transforma seu hobbie no seu trabalho, ele deixa de ser um hobbie e se torna uma obrigação, porque você vai ter que levá-lo muito mais a sério. E eu passei a odiar passar o meu tempo livre na internet. Isso me gerou dois problemas: eu não tinha mais um hobbie e acabava ficando desatualizada das coisas, porque queria distância da internet sempre que podia, necessariamente das redes sociais.

E quando você vira o tal "profissional da internet" as pessoas acham que você sabe tudo sobre qualquer coisa que elas leram por acaso no Facebook. E descobri que tem gente que tira vantagem dessa condição e sai por aí vendendo gato por lebre em palestras sobre mídias sociais, é só jogar um dialeto em "publicitês" lá e tchanan! Você vende seu serviço. Há quem tenha estômago para isso. Eu me decepcionei muito com uma das principais redes sociais que existem atualmente, uma na qual você provavelmente está cadastrado, cujo palestrante sequer sabia da existência de uma função importantíssima da ferramenta que ele estava apresentando, mas a cada 3 palavras que ele falava, 2 eram algum termo do vocabulário da "comunicação moderna" e isso dava a sensação de credibilidade. E é muito fácil de acreditar, porque quem assiste a essas palestras normalmente não entende muito bem do assunto e vai achando que esse é um meio de aprender, empreendedores ocupados, gente tentando driblar a crise, inciantes no mercado de trabalho, etc. Eu já caí no conto do vigário várias vezes e hoje vejo que essas pessoas podem ter um modo de se comunicar incrível, mas não necessariamente são melhores do que eu.

Além disso, como qualquer coisa que a gente aprende, eu também descobri que quanto mais eu estudo sobre a internet, menos eu sei, porque tem muita, mas muita coisa mesmo para saber, coisas que há um ano atrás eu nem imaginava o que era e que, hoje, me vejo na necessidade de aprender para poder evoluir com o meu trabalho. Você precisa saber um pouco sobre tudo: programação, web design, redação publicitária, storytelling, planejamento estratégico, felling com atendimento ao cliente e a lista de conhecimentos técnicos é gigantesca... Também precisa conhecer diferentes tipos de cultura para se adaptar a qualquer produto ou serviço que venha por aí, flexibilidade para "encarnar a persona" do cliente e muita, mas muita paciência. Lembrando que estou tratando apenas de redes sociais!

Outra característica de quem trabalha com a internet é que essa pessoa dificilmente vai conseguir manter um horário fixo de trabalho. Como eu mencionei anteriormente, a gente usa a internet como passatempo. Então, às vezes, você está ali rolando a timeline do seu Facebook e vê um comentário novo na sua postagem na página do cliente ou uma publicação do caralho feita pelo concorrente, você sabe que já passaram das 18 horas e que você devia apenas ignorar, mas sua curiosidade fala mais alto e, quando você se dá conta, está trabalhando às dez horas da noite. Isso também ocorre em momentos em que você realmente deveria deixar o celular de lado, mas resolveu dar uma olhadinha, tipo no reencontro da turma da escola ou no happy hour. Acontece e eu sei que não sou a única.

Ah, e as pessoas vão te julgar pelo cliente que você atende. Eu trabalho muito com contas políticas, mas as pessoas se esquecem que eu presto serviços para uma empresa e que é ela quem arranja os contratos, eu sou apenas uma funcionária. Mas vai a Amanda abrir a boca para falar que trabalha para o João do Pé de Feijão ou para o Partido da Fulaninha e do Fulaninho, que nooooossa! Por isso, hoje em dia, eu nem falo mais. Isso acontece para produtos e serviços também, por exemplo, eu atendi a conta de uma Universidade uma vez que tinha deixado um conhecido bastante insatisfeito e tive que ouvir um sermão sobre como o meu cliente era péssimo e malvado. Meus amores, nós, reles empregados das mídias sociais, infelizmente, não temos autonomia para mudar o produto ou o serviço, isso é com a galera do marketing, sentimos muito por não poder ajudar (desabafo). Eu nem discuto mais, o meme que melhor me representa nessas situações, hoje em dia, é esse:


Eu sei que eu estou fazendo a coisa parecer horrível, mas é que todo mundo já vê isso como uma coisa legal pra caramba e super fácil, quando na verdade exige muito estudo e disciplina, como qualquer outro trabalho exigiria. É legal sim, mas também tem muitas complicações também, as que eu citei são só algumas. Se você é meu colega de profissão, te convido a compartilhar comigo suas lamúrias e também seus sucessos nos comentários desse post. <3

Ser um content planner, digital analyser, social media especialist, ou seja lá qual nome você dá para a pessoa que é o faz-tudo-da-internet (embora as três coisas que eu citei possam ter atribuições diferentes), não é de todo mal. Confesso que, apesar de duro, é um trabalho que pode ser bastante animador, dependendo da situação. No meu caso, não estou no momento mais animado da minha carreira, então me faltam os elogios. Mas, acreditem, pode ser bem legal. :P

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2 comentários:

  1. Moçoila, agradeço a menção!

    Para deixar claro aos leitores, eu nunca disse que a Amanda não sabe nada de Twitter. Pelo contrário, ela já esteve na sede brasileira da empresa, enquanto eu sou apenas um curioso.

    Uma coisa que eu aprendi nessas andanças virtuais: às vezes, a gente sabe fazer algo que não sabemos nem nomear.

    Já o problema dos nossos palestrantes é que, assim como muitos dos "produtores de conteúdo", eles só traduzem o que algum gringo disse. Mal sabem contextualizar. É provável que eles nem tenham presenciado o que acabaram de citar.

    Outro ponto importante do texto: o pessoal ainda acredita que trabalhar com internet é fácil, mas gosto de lembrar que saber usar é diferente de usar com sabedoria.

    Sucesso! Não desista, mas mude de ares. Teu lugar é a rede.

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    1. Obrigada pelo comentário e pelo incentivo! hahaha Eu aprendi muito, muito, muito com você e continuo aprendendo.

      Espero que esteja certo quando diz que meu lugar é a rede, ou estou investindo um monte de tempo à toa, hahaha.

      Sucesso pra nós, Tejota! <3

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